Tosse Noturna na Gripe: Por Que Acontece e Como Aliviar?

“Não aguento mais passar noites em claro por causa da tosse!”
 Essa é uma das queixas mais comuns no consultório durante os quadros de gripe e resfriado.

A tosse pode ser tão persistente que parece não dar trégua, especialmente à noite, quando estamos mais vulneráveis. Mas será que existe um jeito de aliviar esse sintoma tão incômodo? A resposta é sim! E hoje vamos falar sobre isso.

Antes de tudo: Tosse não é uma doença!

A primeira coisa que precisamos entender é que a tosse não é um diagnóstico, e sim um sintoma.


Ela é, na verdade, um mecanismo de defesa do nosso corpo — um jeito eficiente de expulsar secreções, corpos estranhos e agentes irritantes das vias aéreas.¹

Ou seja, nem sempre o caminho é simplesmente “tomar um xarope para tosse” e esperar que tudo se resolva. É essencial entender a causa da tosse para tratá-la da maneira certa.

Por que a tosse piora à noite durante a gripe?

Quando falamos da tosse associada a quadros virais, como a gripe ou o resfriado comum, dois fatores são os grandes responsáveis por desencadear e manter esse sintoma:

Gotejamento pós-nasal: excesso de muco escorrendo da parte de trás do nariz para a garganta.

Inflamação viral das vias aéreas: os vírus ativam os receptores da tosse, que ficam mais sensíveis.²

Esses dois mecanismos, juntos, explicam por que a tosse piora justamente à noite: deitados, o muco tende a se acumular mais facilmente na garganta e os reflexos de defesa ficam mais ativos.

O que fazer para aliviar a tosse noturna?

Vamos direto ao ponto! Aqui estão 4 estratégias eficazes para melhorar esse sintoma tão incômodo:

1️⃣ Lavagem Nasal

Uma boa lavagem nasal com solução salina ajuda a reduzir o acúmulo de muco e ameniza o gotejamento pós-nasal, um dos grandes vilões da tosse noturna.³

2️⃣ Cabeceira Elevada

Dormir com a cabeceira da cama elevada (ou com travesseiros extras) pode reduzir a frequência dos episódios de tosse, pois diminui o gotejamento pós nasal  na garganta durante o sono.

3️⃣ Mel de abelha

E quem nunca ouviu: “Toma um melzinho que melhora”?

 E olha, a ciência confirma: o mel é realmente eficaz para reduzir a tosse noturna, e está indicado para  crianças acima de 1 ano de idade.⁴


O mel tem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antibacterianas, lubrifica a garganta e tem um efeito calmante sobre os receptores da tosse.
Estudos mostram que, inclusive, melhora a qualidade do sono!

4️⃣ Paciência (sim, ela é essencial!)

A tosse é um mecanismo de defesa e, nesses quadros, ela costuma persistir enquanto o vírus estiver ativo no organismo.
 Mesmo com tratamentos de suporte, a resolução completa ocorre com o fim do ciclo viral. Isso pode levar de 7 a 14 dias, ou até se prolongar por mais tempo, dependendo da resposta de cada pessoa.⁵

Então, siga as orientações, aplique as medidas de alívio e lembre-se:
Força na peruca, maquiagem nas olheiras e paciência que vai passar! 😉

Conclusão

Tosse noturna durante a gripe pode ser muito desconfortável, mas entender por que ela acontece e como aliviá-la faz toda a diferença.

Cuide da sua respiração nasal, ajuste o ambiente de sono, invista no mel (com orientação) e, acima de tudo, respeite o tempo do seu corpo.

Se a tosse persistir por muito tempo ou vier acompanhada de outros sintomas graves, procure avaliação médica especializada.


Referências:

  1. Irwin RS, et al. “Diagnosis and management of cough: ACCP evidence-based clinical practice guidelines.” Chest, 2006.

  2. Eccles R. “Understanding the symptoms of the common cold and influenza.” The Lancet Infectious Diseases, 2005.

  3. Papsin B, McTavish A. “Saline nasal irrigation: Its role as an adjunct treatment.” Canadian Family Physician, 2003.

  4. Paul IM, et al. “Effect of honey on nocturnal cough and sleep quality: A double-blind, randomized, placebo-controlled study.” Pediatrics, 2007.

  5. Heikkinen T, Järvinen A. “The common cold.” The Lancet, 2003.

Sobre mim
Dra. Andréa Rodrigues

• Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

• Residência Médica no Hospital Betina Ferro de Souza (UFPA).

• Especialista também pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial.

• Membro Titular da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial.

• Pós-graduação em Imunologia Básica e Avançada (faculdade Unyleya)

• Pós-graduação em suplementação pediátrica (Sociedade Brasileira de Medicina Funcional Integrativa)

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